Lemos o Estatuto de Igualdade Racial que vem sendo discutido especialmente no que diz respeito às cotas destinadas aos não brancos nas Universidades.
Para quem conhece a Constituição Brasileira, sabe que o Cap. III fala claramente sobre a educação garantindo igualdade de condições para o acesso e permanência na escola sendo que é dever do Estado oferecer uma educação de qualidade no ensino fundamental - obrigatório e gratuito.
No Art. 6º temos a afirmação de que são direitos sociais a Educação, a Saúde, o trabalho, o lazer, a segurança.
A Constituição condena toda e qualquer forma de discriminação - racial, religiosa, social, econômica, etc.
Ou seja, temos uma Constituição que garante direitos e estabelece obrigações em todas as áreas e é válida para todos os cidadãos! BASTA CUMPRIR!
O debate das chamadas "cotas" nas Universidades deveria passar primeiro pela questão de exigir o cumprimento da lei no que diz respeito ao ensino básico com uma educação sólida, eficiente de qualidade para Todos! Infelizmente a grande maioria das escolas públicas estão abandonadas à própria sorte. O que deveria ser um "palácio", um "templo" do saber, sólidas como os ensinamentos que a criança e o jovem deve receber, não passam de barracões mal acabados que não oferecem um mínimo de motivação ao aprendizado, isso sem falar na cronica falta de professores.
Lemos no Estatuto que é preciso ensinar a cultura negra nas escolas. Nós a estudamos na universidade e não nos recordamos que fizesse parte da tradição dos negros o estudo sistematizado em suas tribos de origem. Aqueles que se interessaram em aprender, aprenderam aqui no Brasil. Alegar que o branco sempre foi maioria nas escolas é ignorar que o branco imigrante trouxe em sua bagagem cultural o hábito do estudo - a escola dominical por exemplo - e assim, mesmo antes da escola oficial abranger todos, as crianças já aprendiam em casa a ler e escrever com seus pais, avós ou pessoas da comunidade. Esses detalhes são esquecidos na redação como se fosse culpa do branco ter essa tradição. Em nossa infância chegamos a ver descendentes de escravos e de indígenas rirem do costume de estudar do branco.
Conhecemos e tivemos colegas e posteriormente alunos de origem africana, e como todos os demais jovens uns eram mais interessados em estudar e aprender e outros menos...
Estudar, conhecer, aprender, ampliar horizontes é um direito do cidadão seja ele de que origem for. Mas criou-se no Brasil um mito em torno da Universidade e do diploma e se esquecem que não basta cursar uma para ser uma pessoa bem sucedida na vida.
Quanto ao hábito de julgar o diferente sempre existiu em todas as culturas. O negro também discrimina inclusive entre eles.
O item "cotas" é apenas um detalhe do Estatuto que reformula a Constituição para atender um segmento da Nação Brasileira. Sob esse aspecto ele é inconstitucional e discriminatório. Nos fez lembrar a fábula do "Lobo e do cordeiro".
Em síntese - PAZ e NÃO VIOLÊNCIA é um ideal muito distante enquanto continuarmos olhando o "outro" como um concorrente, um inimigo, porque ele é diferente de nós.
Verdades doem e chocam! - a todos.