Durante os governos militares foram desenvolvidos projetos de abrangência nacional visando principalmente o desenvolvimento regional diminuindo as graves diferenças socioeconômicas e de ocupação do espaço territorial que dominavam.
Um dos projetos que foi implantado na época foi o Projeto Rondon.
O objetivo era o de conscientizar as novas gerações quanto ao seu papel no desenvolvimento do país, como um todo.
"-O Projeto Rondon surgiu dentro da Universidade ao mesmo tempo em que nascia a Escola de Comando do Estado Maior. Educadores e militares julgavam que só se poderia obter realmente a segurança se ela fosse calçada numa base educacional.
O professor Wilson Choeri, da Universidade do Estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro), em viagem pelo interior do país, conheceu o trabalho do 5º Batalhão de Engenharia da Construção na abertura da estrada Cuiabá-Porto Velho. Entusiasmado, pensou em levar um grupo de rapazes para que vivessem as emoções de ver a luta do homem desbravando o sertão. Encabeçou, dentro da Universidade um movimento para se criar um grupo piloto que fosse prestar serviços naquela região. Depois de muitas idas e vindas (1967), conseguiu convencer as autoridades a abrirem um crédito de confiança aos moços. Muita gente perguntava se não se estaria colocando lenha na fogueira, ao mostrar aos jovens áreas em que os problemas sociais eram graves e nas quais muitas vezes, a ação governamental ainda não havia chegado com o ímpeto necessário em consequencia da fase evolutiva que se vivia.
Aberto crédito de confiança, ficou demonstrada plenamente a maturidade dos jovens, quando devidamente preparados e motivados.
O Projeto Rondon foi um movimento de voluntários tendo por base a formação de uma elite. O humanismo era o meio; o fim era realmente ter uma elite capaz de no futuro assumir responsabilidades perante a Nação.
O grande resultado inicial não foi o que os estudantes deixaram lá, mas o que eles traziam: uma consciência de Brasil, desejo de participar, de se comprometer, de enfrentar realmente os problemas.
O objetivo fundamental do Projeto Rondon era o homem, a sua valorização como base do desenvolvimento e da integração nacional. Visou colocar o Universitário em contacto com a realidade e fazê-lo sentir essa realidade, criando nele um espírito de aventura. Ele devia ver no interior do país os novos mercados de trabalho, ao mesmo tempo em que procurava criar condições mínimas para aí permanecer.
Para se montar uma operação dessas, o projeto necessitava da cooperação e apoio de todos os Ministérios, e valer-se em particular, das instalações e transportes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O movimento foi coordenado pelo Ministério do Interior.
O Projeto possuia um excelente grupo de trabalho que o mantinha. Nas universidades, cartazes procuravam sensibilizar os estudantes. Nas regiões a serem trabalhadas, buscava-se o apoio das unidades militares, dos órgãos governamentais atuantes na região.
O Projeto-Piloto em 1967 teve a participação de 32 estudantes. O Pojeto-1, em Janeiro-Fevereiro de 1968 contou com 648 estudantes que atuaram na Amazônia, no Nordeste e no Centro-Oeste. O Projet0-2 em julho de 1968 contou com 3.500 universitários do Norte e Nordeste que atuaram nos Estados do Sul, atendendo 176.000 casos. O Projeto-3 em Fevereiro de 1969 levou 4.000 participantes para as regiões amazônicas, do Vale do São Francisco, Vale do Jequitinhonha e ao longo da rodovia Belém-Brasília, Nordeste, São Paulo, e sul do Mato Grosso.
Até o final de 1970, houve de 16 a 20 Campus avançados: área de estágio permanente nas regiões mais longínquas do interior do Brasil. Funcionaram como um prolongamento do currículo escolar, em que a Universidade, pelo revezamento sucessivo de suas turmas assumia o grau de assessoramento junto aos governos municipais ou estaduais. "
Nota - Este assunto fez parte de leituras e debates em salas de aula onde lecionamos na época, a nível colegial, o que motivou a alguns dos jovens a se engajarem no projeto quando entraram na Universidade. Hoje ao ver as tristes notícias sobre jovens vivendo à deriva das drogas, dos preconceitos e da desorientação generalizada, nos perguntamos onde estão os verdadeiros educadores. E o mais triste é ver que as autoridades constituídas, além de não cultivar o amor à Pátria, ainda provocam a desconstrução das mentes em formação repetindo exaustivamente as "injustiças" que sofreram no passado como se não houvesse leis a serem respeitadas. É necessário dar um basta à desinformação sobre o período dos Governos Militares que agiram como poder moderador tão necessário à sociedade. Se a situação atual não se modificar caberá mais uma vez ao poder moderador das Forças Armadas impor a ordem.