Vejo pela janela da vida, nada além do possível:
- Uma varanda ampla, luminosa, arejada, voltada para o nascente...
Plantas! muitas! floridas, coloridas, saborosas, odorosas, entre fontes a marulhar, brincando de saltar entre pedras... Eis lá as carpas! Carpas! lindas! dourado-prateadas. Igualzinho às da minha infância, à sombra de frondosa árvore, em lago misterioso; deslizando, ora aparecendo, ora sumindo, brincando de esconde-esconde com os raios solares... Estão ali. As carpas!
Os pássaros a cantar saltitando de galho em galho. Revoada barulhenta de fim de tarde. Hora do grito! Volta para casa. Saudade...
O sol querendo partir. Horizonte vermelho. Cor do fogo. Prenúncio do frio(?) - Símbolo do calor.
Calor reconfortante na aragem da manhã - de neblina, garoa, orvalho cristal...
Ou do meio do dia ao fim da tarde, com doces aromas de flor de laranjeira.
Noite de luar - luz prata-azulada. Mais o brilho das estrelas a tilintar no límpido céu de verão austral. E o silêncio do ar puro a ressoar os sinos de cristal a tocar. Sinos de Cristal, sim!
Borboletas! Muitas. Estão ali. Coloridas, festivas, abrindo e fechando as asas ao estalo do toque de cada pingo de luz...
O encanto a reinar. Nada além do possível.
O canto dos grilos a incomodar(?) - não importa. Quero escutar. Quero ouvir a cigarra a cantar até estourar - tal qual lá na Água da Estiva. Aquela das pedrinhas coloridas. Onde estão?
O pio noturno das aves guardiãs dos telhados - tudo como era outrora! Tal qual...
Nada mais de barulhos... Chega de esbulhos. De entulhos. Chega de tudo o que pesa e nada vale.
Quero a liberdade de pensar e falar; de viver e sentir. Quero ver a todos sorrir..
Serem felizes sem ter que fingir.
Nada além do possível...