Ensino sistematizado público ou privado, Supletivo, Cursos de Madureza, Mobral...
A ordem dos fatores não altera o produto. Certo? - Certo!
Qual a diferença entre aprender aos 7, aos 17, 27 ... ou 77 anos, se estamos sempre aprendendo? Quem deixou a escola ao terminar o primeiro grau (4ª série de antigamente) e quer voltar a estudar, ou aquele que sequer frequentou uma escola e aos 40 anos quiser começar, não deve ser olhado como um cidadão de menor valor. Pela nossa experiência como professora sabemos que cada um tem um ritmo de aprendizado e muitas vezes falta maturidade.
O Brasil, por sua extensão territorial, diversidade populacional e falta de um planejamento desde o início de sua formação, tem apresentado grandes lacunas na área do ensino sistematizado. E aqui entra também a vontade de estudar (ou falta de vontade), a vocação ou não para o estudo sistematizado, entre outros fatores inclusive culturais.
Entendemos que testes vocacionais seriam uma saída honesta para redirecionar os alunos de acordo com suas capacidades, habilidades, interesses e gostos... pois todas as profissões são dígnas e necessárias para a coletividade.
- Afinal o que há de errado em uma criança gostar de jardinagem, horticultura, trabalho junto à natureza, trabalhar com artesanato, música, exportes, pintura, etc, etc, etc... ao invez de ficar horas decorando regras gramaticais, línguas, ou a história sanguinária dos povos, por ex.? Creio que tão logo uma criança demonstrasse real dificuldade ou desinteresse no aprendizado sistematizado, deveria ter a oportunidade de seguir outro caminho de conhecimentos.
A obrigatoriedade a que se chegou é contraproducente. Impor a "prego e martelo" o ensino sem respeitar as diferenças individuais é um constrangimento inútil. Nivelar por baixo e para baixo todos os alunos para melhorar os índices com medidas ditatoriais alegando que somos 3° Mundo é ofensivo. Ninguém leva em consideração que os ditos países de primeiro mundo tem uma unidade racial e cultural mais homogênea enquanto que no Brasil a diversidade é extremamente variada . Não se nivela seres humanos sem destruir sua individualidade.
Lembro que na minha infância morávamos em uma chácara e na vizinhança havia várias famílias de outras etnias que não frequentavam a escola. Minha mãe procurou as famílias e tentou convencê-las da importância de mandar as crianças à escola. Após ouvir atenciosamente, as mães reponderam: - "Escola é coisa de branco... nós não temos esse costume... não precisamos disso". Mudar hábitos culturais não ocorre da noite para o dia. Cada um vai por si e em seu tempo incorporar novos comportamentos. É o que tem ocorrido e falta muito para mudar ainda.
O profissional da educação não tem sido valorizado para que tenha tempo de desenvolver um trabalho mais eficiente junto aos alunos. Não serão gratificações aleatórias (seja para professores, seja para alunos) que irão mudar o quadro de aprendizado escolar. Temos que considerar que numa mesma sala de aula há o aluno tipo gênio que pode se desinteressar do estudo por ficar tolhido, limitado a um esquema que visa aprovar todos... mesmo com prejuízo do conteúdo programático. E há o preguiçoso que uma vez descoberto seu foco de interesse torna-se um dos melhores e mais ativos alunos. Mas há o aluno (que vou classificá-lo de "copista") que se esforça, mas nem com todo o tempo e paciência do mundo não conseguem acompanhar os conceitos mais elementares. Quando um desses alunos diz: "não cabe na minha cabeça" é porque realmente ele deve seguir outro caminho. Este é o tipo de aluno que tendo consciência de que está ali perdendo seu tempo, desiste de estudar e vai procurar algo fora da escola para fazer. É aí que o poder público mais preocupado com estatísticas, falha. O trabalho voluntário vem fazendo milagres com crianças que, se estivessem à mercê somente do ensino sistematizado, jamais deixariam de ser um zero à esquerda na sociedade.
MUDAR É PRECISO se queremos cidadãos integrados realmente na sociedade. A Universidade da Vida com oportunidade para todos ainda é a melhor escola que um cidadão pode aspirar. As exigências crescentes são um estímulo para o verdadeiro aprendizado. O poder público ainda tem muito para aprender em termos de ensinar...
A Leitura é o caminho mais curto para começar a aprender. Hoje o brasileiro é um dos povos que menos lê.