"Educação do Homem Integral"
( Huberto Rohden ) – 2ª Ed. – 1979
"O IDEAL SERIA QUE UM HOMEM TIVESSE 100% DE INSTRUÇÃO E 100% DE EDUCAÇÃO – QUE FOSSE MESTRE
"Educação do Homem Integral" - é um texto destinado mais ao educador procurando incutir-lhe a compreensão profunda da arte de educar, que é muito diferente daquilo que os governos praticam, não só do Brasil, através do Ministério da Educação, ou das Igrejas. Os governos visam principalmente a instrução, enquanto que as Igrejas se preocupam com conceitos de moralidade do agir. Ambos falham se esquecendo que o educando é um ser em crescimento e que a verdadeira educação leva ao auto-conhecimento e auto-realização. Nesta segunda edição, o livro é apresentado como um manual de auto-realização. E a filosofia individual não é organizável como base de uma educação oficial, pois ela exige uma pedagogia diferente. Parte do princípio de que é a educação uma espécie de indução realizada por um educador plenamente realizado (o que está longe de ser uma realidade) - sua conduta é que influenciaria beneficamente os educandos.
"Ninguém pode educar alguém. Alguém só pode educar-se a si mesmo" - com essas palavras o autor demonstra que toda verdadeira educação só pode ser intransitiva, ou reflexiva, subjetiva. O Mestre só pode mostrar o caminho, através do qual o aluno pode se auto-educar. Cabe a cada um através do livre arbítrio aceitar ou não; ou seja, é necessário que haja receptividade.
Instrução e Educação são como duas linhas paralelas que não convergem nem divergem. A Instrução está em uma dimensão e a Educação está em outra muito diferente. As suas finalidades são completamente diversas. Descobrir fatos fora de nós é Instrução - prepara para a vida profissional; Educação é a realização das qualidades que fazem parte do "Eu" e envolve auto-conhecimento. A educação ocorre por ação indireta. A arte de educar consiste em descobrir e despertar as potencialidades adormecidas. Ciência e arte, auto-conhecimento e auto-realização aliadas a talento e intuição vão gerar um processo de magnetismo entre educador e educando, realizando o processo educativo.
Hoje a instrução unilateral de valores materiais é a responsável pelo estado de crise existencial das pessoas, pois os valores do Eu não foram desenvolvidos. O desequilíbrio comportamental dos jovens e da sociedade é o resultado gritante que assistimos. É comum notar que um educando que teve todos seus caprichos satisfeitos, mais tarde considera seu educador um fraco, chegando a menosprezá-lo.
Falta a visão ampla do que é a verdadeira existência individual total regida pelas leis Cósmicas. Esta visão é uma experiência interna, individual, intransferível.
Segundo A. Einstein os valores que dão sentido à vida "vem de outra região" - eles são a alma do Universo. A consciência é o eco desses valores e exige obediência; uma pessoa educada pela consciência dos valores é a que poderá dar equilíbrio, paz e harmonia à sociedade e ao mundo. Todo educador deve eduzir, despertando os valores positivos, bons, levando o educando a aceitá-los em seu livre arbítrio mesmo que signifique perda ou sofrimento ao ego. Qualquer prêmio ou castigo é antipedagógico.
O homem instruído é erudito; o homem educado é bom, altruísta. A moderna pedagogia ao liberar o comportamento dos alunos, deixando cada um livre para agir e assim evitar "frustrações" gerou pessoas inseguras, desequilibradas. Durante a infância e em parte da adolescência, a segurança do educador deve complementar a liberdade do educando, para garantir-lhe um futuro de equilíbrio. O "castigo" para melhorar é recomendável; punir para fazer sofrer é imoral. As proibições não devem ser apresentadas como castigo, mas como forma racional, compreensível benéficas ao crescimento.
- Deve o educador falar em Deus? - Sim, quando a idéia equivale ao conceito do Filósofo Spinoza (Deus é alma do Universo), ou no dizer de Paulo - "Deus é aquele no qual vivemos, nos movemos e temos nossa existência"- onde o conceito não é limitado a uma pessoa ou individualidade, como a religião tem pregado, inclusive usando a figura do Deus que castiga, o que pode gerar uma espécie de revolta, incompreensão e descrença. Falta ensinar a sabedoria de ser e agir em harmonia com Deus.
A prática da Meditação consiste em desligar-se da dispersividade social, praticando a interioridade, a fim de orientar a vida diária. É um encontro consigo mesmo que ajuda a melhorar todos os setores da vida, ao abrir-se para a Fonte Infinita.
Outro tema abordado é - "Origem e Natureza do Homem" - fala do aparecimento do homem sobre a terra como uma creatura potencialmente humana - um ser humano num corpo animal, dotado de espírito e matéria. - "Deus creou o Homem o menos possível para que o homem pudesse crear o mais possível". A tarefa do homem é estabelecer a harmonia e o equilíbrio entre a sua natureza Divina e a animal. Cabe à educação estabelecer essa harmonia e equilíbrio, realizando o homem integral. O sistema educativo antipedagógico do prêmio x castigo, levou ao desequilíbrio, ao caos, violência, desordem, terrorismo...
Condena o sistema educacional que tem praticado uma espécie de "cobaísmo" – Cita : - adoção de teorias psicológicas ultrapassadas, a orientação sexual nas escolas, as teorias de Skinner negando o livre arbítrio, a indisciplina permissiva para evitar traumas e complexos, esquecendo que a criança e o adolescente têm um predomínio do instinto cego que deve ser disciplinado pela razão do adulto. Tudo isso agravado com a troca da cultura européia pela americana, sem bases sólidas. Esquecem que o homem não é uma justaposição mecânica de corpo e alma; ele é um intercâmbio orgânico entre corpo e alma. A dispersividade cada vez maior leva a educação a nadar contra a corrente.
Liberdade com responsabilidade em conjunto com realização e aperfeiçoamento levam a descobertas e conquista da verdadeira felicidade inerente à própria substância do verdadeiro Eu. Céu e inferno são estados de espírito de cada um, não prêmio ou castigos futuros. Ao falar em 'Guerra e Paz entre o Ego e o Eu' - lembra que segundo o Bhagavad Gita o Ego é o maior inimigo do Eu. A integração do Eu com o Ego determina o equilíbrio perfeito que uma educação adequada pode oferecer. Toda sociedade produto do Ego e seu campo é apenas "produtivo", enquanto que o Eu é creativo. A alo-educação se atém à faixa do Ego e da lei, e não na do Eu e da Justiça. O direito é do Ego, e a Justiça é do Eu. O maior bem que se pode fazer em relação a cada indivíduo é realizar a própria auto-realização porque o ser bom leva a fazer o bem, queira ou não.
O fim de toda educação é crear o Homem Integral. Homem, conhece-te a ti mesmo! Realiza-te!
