quarta-feira, 10 de setembro de 2008

EDUCAÇÃO - II - A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Há mais de 20 anos que estamos observando que algo anda errado na Educação das crianças e dos jovens.
Na década de 70 e começo dos anos 80 havia uma média de 5 a 6 alunos (11%) em classes com 40/45 alunos que tinham dificuldade em acompanhar os conteúdos das diferentes disciplinas, respeitadas as diferenças intelectivas de cada aluno de 5ª a 8ª séries.
A partir de meados da década de 80 a situação se inverteu - apenas 5 a 6 alunos assimilavam as informações enquanto que a grande maioria demonstrava dificuldade crescente no aprendizado.
Quais as causas? - Temos vários pontos a ponderar:
 
1- O exame de admissão totalmente abolido já refletia um certo descaso por parte dos alunos que já sabiam que não precisavam se esforçar para continuar frequentando classes mais adiantadas. Dessa forma o estudante perdeu a oportunidade de passar pelo processo sucessivo de conquistas que geram crescimento pessoal. Não havia mais o estimulo para o estudo mais sério.
 
2- A avaliação escolar passara a adotar o "Conceito" e a presença do aluno na sala de aula contava para aprovação no "conselho de classe" ao final do ano. Consequentemente  os alunos se tornaram mais displicentes e indisciplinados, mas ainda havia o respeito pelos professores
Surgem os primeiros alunos realmente problema, inclusive envolvidos com drogas.
 
3- Outro fator agravante foi (e é) a falta de atividades físicas - ou seja EDUCAÇÃO FÍSICA, no bom e velho estilo visando "Mente Sã em Corpo Sadio"- Antes, anualmente havia a avaliação física dos alunos, pelo médico do posto de Saúde, com a formação das turmas de Educação Física de acordo com seu desenvolvimento físico. As aulas ocorriam 3 vezes por semana com exercícios de postura, respiração, disciplina em grupo, atividades de fortalecimento muscular queimando energias acumuladas e aliviando tensões, jogos, recreação... até a "hora do grito" com o alegre dispersar.
Tudo isso desapareceu. Nem o espaço físico para essas atividades existe mais na maioria das escolas públicas... No máximo há uma quadra poliesportiva para que alguns alunos mais habilitados treinem algum esporte para representar o Colégio em competições.
Aí vem o problema maior - a GRANDE MAIORIA  DOS ALUNOS fica a perambular sem saber como lidar com um corpo em crescimento, precisando estravasar energias acumuladas. E, extravasa! de forma errada - pela agressividade e violência cada vez mais frequente e perigosa.
 
Nota:- Na época em que havia aulas regulares de Educação Física não havia problemas de obesidade entre os jovens e raros eram os casos de outros males que hoje atingem mais cedo crianças e jovens. A violência era mais rara ainda.
 
4- Cada ano, crianças vão mais cedo para a escola: maternal, pré I, II, etc... Elas perdem muito cedo o vínculo familiar, perdendo referências básicas para sua formação ética, moral, cultural, religiosa, etc. O que ganham em sociabilidade não compensa jamais a privação dos ensinamentos que assimilariam no convívio mais longo com pais, avós, tios, primos. Acabam divididas, stressadas, agressivas, com problemas com os quais não sabem lidar. E, cada dia se envolvem mais cedo com a marginalidade, com drogas, sexualidade precoce, etc. O problema está aí a vista de todos atingindo crianças e jovens de todas as classes sociais e origens...
 
5- Música? - aulas teóricas e Canto Orfeônico? - rarirade! Trabalhos Manuais? - idem. Aulas de religião? - o Estado Laico não se interessa....
 
6- Não vamos deixar de lado as diferenças intelectivas dos alunos. Nem todos tem as mesmas capacidades de aprendizado. Mas... lembremos que elas são agravadas por vários fatores como: - a) alimentação errada que  inibe o bom funcionamento do cérebro; b) postura física inadequada - para quem não sabe, informo que até a maneira de sentar do aluno influe na atenção e aprendizado - e as cadeiras e mesas oferecidas aos alunos nas salas de aula são simplesmente inadequadas.c) iluminação, problemas de visão; material didático inadequado; falta de professores, etc.Isto sem falar nas demais condições físicas das escolas.  Parece que não, mas faz a diferença um ambiente agradável na hora do aprendizado.
 
7- Para finalizar - as provas de avaliação gradativa levavam aos alunos, eles mesmos se auto-classificarem para futuros estudos e aprendizados, sem o trauma de ter que provar a "nível nacional" que conseguiram ser "aprovados"  pela avaliação oficial do governo! - e depois, ao serem comparados com o rendimento de alunos de outros países de 1º mundo!....descobrir que não são tão bons assim... É inaceitável justificar dizendo que somos país do 3º mundo.
 
O assunto não se encerra aqui.