terça-feira, 5 de abril de 2011

ASNEIRAS TAMBÉM TEM LIMITES

Não resisti. Aqui vai um trecho de uma entrevista do jornalista português Miguel Sousa Tavares (2009) ao Diário de Notícias de Lisboa, referindo-se ao Brasil: "É um país novo, de que eu gosto há muitos anos.... É um país optimista, não está cansado, não está desiludido, sem esperança. Mesmo que haja tanta asneira feita no Brasil, todos os dias, não é? Só que eles tem espaço e tempo para uma dose maior de asneiras do que nós" (sic).
Todos sabem que "asneira" tem o mesmo signifcado lá e cá. Haja espaço e tempo!
Lamentamos a falta de um Gregório Matos (1636/1695), aquele poeta brasileiro satírico  de humor cáustico que não poupou a corte portuguesa e a classe dominante, nem aos negros, mulatos e índios. E, muito menos aos doutores de araque; para estes tinha uma pérola! - "É verdade que da Europa voltaste feito doutor? / - E que mal há nisso? É verdade, sim senhor!/ - E por qual Academia e qual Ciência, então? / - Oras, isso eu não sei, não. O diploma está escrito em alemão".
E por falar em estudar, ler, aprender... Será que já está funcionando a Biblioteca Pública de Brasília, aquela que ficou interditada aos leitores por falta de sensores nos livros para evitar furtos? - Será que as novas gerações tão dependentes da tecnologia nunca ouviram falar no controle manual dos livros de uma Biblioteca? - Ah! precisa escrever com caneta, letra legível, etc... No passado não muito remoto funcionava e muito bem. Será pedir muito à inteligência ou preferem continuar sendo objeto do repertório de asneiras que se cometem neste país. Uma Biblioteca que custou mais de 42 milhões de reais com um acervo de mais de cem mil livros ficar fechada ao público por falta de sensores... Não é piada, não.
Outra asneira que ouvimos recentemente é a tal "ocupação de espaços" pelas pessoas na sociedade, no trabalho, nas escolas, etc... querendo justificar medidas que vão contra os princípios da isonomia e igualdade de direitos de todos os cidadãos. Tal afirmativa é ignorar a própria história nacional. Cada branco, negro, mestiço, índio sempre ocupou o espaço que se propôs ocupar colocando em seu benefício a força de vontade para estudar, aprender, trabalhar, ter senso de responsabilidade e respeitando para ser respeitado. Quem não tem força de vontade e se acomoda, jamais conseguirá vencer na vida.
Reafirmamos o compromisso da UNESCO com os valores Universais de tolerância, respeito à diversidade e aos direitos humanos (de TODOS). Para tudo há um limite. Até para as asneiras.