Saúde Mental e Terapia Ocupacional -  "Mãos e Mentes ocupadas não deixam tempo para 'tonterias' "...  era um dito da minha avó com quem tive o privilégio de conviver. Na  época os meninos acompanhavam o pai e as meninas as mães, tanto nos afazeres  como nas horas de lazer. Aprendiam pequenas tarefas dentro de suas capacidades e  principalmente regras de boa conduta, solidariedade, respeito mútuo, etc. Esse  tipo de convivência familiar permitia a observação atenta da conduta e das  tendências de cada um impondo-se então os limites e a disciplina. Os exemplos  oferecidos às crianças, tanto em palavras como em atitudes contribuiam com   a formação da personalidade e o equilibrio emocional, pois ela se  sentia segura e amada, mesmo quando repreendida de forma correta no momento  certo.
 O Estatuto da Criança e do Adolescente  associado a uma vida antinatural a que as família foram atreladas,  principalmente neste último meio século, tem distanciado pais e filhos. A  família têm-se fragmentado cada vez mais, e a responsabilidade da educação foi  para a escola; por sua vez o Estado insiste em dominar o tipo de educação que  deve ser oferecido às crianças e jovens, no que está falhando redondamente,  pois além de desautorizar a familia muitas vezes no processo educativo  não oferece, na maior parte das vezes, um espaço condizente com o processo  educativo.
 Já falamos na TV deseducativa que invade os  lares e atinge desde o bebê ao vovô; programas que só deveriam ser exibidos em  horários para "adultos" invadem a tela com chamadas em qualquer horário - e, em  geral, exibindo cenas pouco recomendadas.
 Nos últimos anos, a facilidade do uso da  Internet, e os famigerados jogos eletrônicos de violência tem sido o lazer de  muitas crianças, sem um mínimo de controle. Uma mente em formação, desocupada,  sem disciplina ou limites, evidentemente vai sofrer graves consequências dessa  exposição à um "lazer" perigoso - tão ou mais perigoso do que  brincar  com uma arma de fogo. A arma de fogo pode ou não dispar... Já a imagem vista  fica gravada no subconsciente e isto é letal em muitos casos onde a criança ou  jovem adolescente tiver algum problema mental.
 Após a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro,  as autoridades correram a falar em "desarmamento" - outra vez!.
 Não sou a favor do uso de armas. Mas a  solução não é por aí. Em primeiro lugar é preciso "desarmar" os espíritos  belicosos redirecionando-os para comportamentos positivos onde cada um possa  descarregar as energias acumuladas - seja através do esporte, ou seja da  arte  como por exemplo: a música, pintura, dança, teatro, etc.
 Trabalhei vários anos com jovens  adolescentes. Na sala de aula percebia-se o excesso de energia com a qual eles  não sabem lidar - sobram braços e pernas... - precisam de uma atividade, que  deveria ser bem trabalhada em aulas de educação física com exercícios coletivos  e não para alguns do "time" para representar a escola, enquanto a grande maioria  são a "torcida". É só verificar o que ocorre hoje com as torcidas organizadas...  Faltou disciplina, queima de energias negativas, redirecionamento de  comportamentos. 
 Cabe ao Estado proporcionar o espaço adequado  nas escolas para a prática esportiva, recreativa e artistica, bem como a  de contratar professores valorizados profissionalmente, e em quantidade  suficiente para atender à demanda crescente de alunos no ensino público.  
 Educar para não ter que punir, ou  ter  que lamentar no futuro a perda de vidas roubadas pelo descaso.
 Estamos falando até aqui de pessoas  "normais", sem possíveis problemas mentais. Esses são outro caso muito sério, e  aí sim, as autoridades da Saúde tem que rever posturas. A família e a sociedade  não tem, e nem sabem como cuidar de pessoas com problemas de desequilibrio  mental. Esta é sem dúvida alguma uma questão de direitos  humanos que atinge a todos os cidadãos. Voltaremos ao  assunto.
 
