terça-feira, 12 de abril de 2011

SAÚDE MENTAL E TERAPIA OCUPACIONAL

Saúde Mental e Terapia Ocupacional - "Mãos e Mentes ocupadas não deixam tempo para 'tonterias' "... era um dito da minha avó com quem tive o privilégio de conviver. Na época os meninos acompanhavam o pai e as meninas as mães, tanto nos afazeres como nas horas de lazer. Aprendiam pequenas tarefas dentro de suas capacidades e principalmente regras de boa conduta, solidariedade, respeito mútuo, etc. Esse tipo de convivência familiar permitia a observação atenta da conduta e das tendências de cada um impondo-se então os limites e a disciplina. Os exemplos oferecidos às crianças, tanto em palavras como em atitudes contribuiam com  a formação da personalidade e o equilibrio emocional, pois ela se sentia segura e amada, mesmo quando repreendida de forma correta no momento certo.
O Estatuto da Criança e do Adolescente associado a uma vida antinatural a que as família foram atreladas, principalmente neste último meio século, tem distanciado pais e filhos. A família têm-se fragmentado cada vez mais, e a responsabilidade da educação foi para a escola; por sua vez o Estado insiste em dominar o tipo de educação que deve ser oferecido às crianças e jovens, no que está falhando redondamente, pois além de desautorizar a familia muitas vezes no processo educativo não oferece, na maior parte das vezes, um espaço condizente com o processo educativo.
Já falamos na TV deseducativa que invade os lares e atinge desde o bebê ao vovô; programas que só deveriam ser exibidos em horários para "adultos" invadem a tela com chamadas em qualquer horário - e, em geral, exibindo cenas pouco recomendadas.
Nos últimos anos, a facilidade do uso da Internet, e os famigerados jogos eletrônicos de violência tem sido o lazer de muitas crianças, sem um mínimo de controle. Uma mente em formação, desocupada, sem disciplina ou limites, evidentemente vai sofrer graves consequências dessa exposição à um "lazer" perigoso - tão ou mais perigoso do que  brincar com uma arma de fogo. A arma de fogo pode ou não dispar... Já a imagem vista fica gravada no subconsciente e isto é letal em muitos casos onde a criança ou jovem adolescente tiver algum problema mental.
Após a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, as autoridades correram a falar em "desarmamento" - outra vez!.
Não sou a favor do uso de armas. Mas a solução não é por aí. Em primeiro lugar é preciso "desarmar" os espíritos belicosos redirecionando-os para comportamentos positivos onde cada um possa descarregar as energias acumuladas - seja através do esporte, ou seja da arte  como por exemplo: a música, pintura, dança, teatro, etc.
Trabalhei vários anos com jovens adolescentes. Na sala de aula percebia-se o excesso de energia com a qual eles não sabem lidar - sobram braços e pernas... - precisam de uma atividade, que deveria ser bem trabalhada em aulas de educação física com exercícios coletivos e não para alguns do "time" para representar a escola, enquanto a grande maioria são a "torcida". É só verificar o que ocorre hoje com as torcidas organizadas... Faltou disciplina, queima de energias negativas, redirecionamento de comportamentos.
Cabe ao Estado proporcionar o espaço adequado nas escolas para a prática esportiva, recreativa e artistica, bem como a de contratar professores valorizados profissionalmente, e em quantidade suficiente para atender à demanda crescente de alunos no ensino público.
Educar para não ter que punir, ou  ter que lamentar no futuro a perda de vidas roubadas pelo descaso.
Estamos falando até aqui de pessoas "normais", sem possíveis problemas mentais. Esses são outro caso muito sério, e aí sim, as autoridades da Saúde tem que rever posturas. A família e a sociedade não tem, e nem sabem como cuidar de pessoas com problemas de desequilibrio mental. Esta é sem dúvida alguma uma questão de direitos humanos que atinge a todos os cidadãos. Voltaremos ao assunto.