A Copa do mundo de futebol colocou a África na ordem do dia, onde os repórteres, os comentaristas e turistas em geral estão descobrindo um mundo pouco exposto na mídia.
Aqui no Brasil, políticos às voltas com "problemas" ventilados como discriminação racial, incluíram no estatuto da igualdade racial a obrigatoriedade do estudo da história da África.
Até aí tudo bem. Desde que esse estudo não tenha conotações ideológicas e que se atenha à informação correta e abrangente sobre o contexto econômico e socio-cultural dos inúmeros povos africanos.
A história não é estática. Ela é dinâmica e transcorre num espaço geofísico que determina muitas das ações humanas.
A história africana envolve culturas milenares com mais de 3.000 anos A.C. - como os egípcios, uma das primeiras civilizações do mundo, e os berberes, povo nômade da região saariana.
Aliás, a antropologia aponta a África como o berço da humanidade.
Como dissemos acima, o homem vive em um meio físico diferenciado que influencia em suas atividades e costumes, portanto a abordagem deve ser multidisciplinar.
Aqui vão alguns dados sobre esse imenso continente:
1- A África tem uma extensão territorial de 30.185.000 km² que vai do hemisfério norte (cortada pelo trópico de Câncer), ao hemisfério sul (trópico de Capricórnio) e naturalmente é cortada pela Linha do Equador.
2- É banhada pelo oceano Atlântico a oeste e pelo Indico a leste; ao norte pelo Mar Mediterrâneo.
3- Essa situação geográfica cria condições climato-botânicas diversas que vão desde os escaldantes desertos (Saara e Kalahari), às florestas húmidas equatoriais, passando por imensas savanas povoadas por manadas de animais de porte, amplamente divulgados em documentários.
4- Politicamente está dividida em 53 países. Porém, dentro das fronteiras políticas os grupos tribais se multiplicam criando um emaranhado de culturas que não convivem entre si, muito pelo contrário, vivem em constantes conflitos tal qual era no passado. Esses conflitos entre grupos étnicos é que no passado facilitaram o tráfico negreiro, pois não foram os brancos (sem chances de sobrevivência num ambiente hostil) que davam caça aos negros que eram vendidos como escravos aos traficantes.
E isso já ocorria muito antes do novo mundo ser descoberto. Os árabes foram os primeiros e maiores escravajistas na costa do Indico e Mar Vermelho.
É só estudar um pouco de história, sem preconceitos, para saber o que ocorreu no velho continente africano desde há milhares de anos.
5- A proximidade com o Oriente médio e com a Europa, produziu um intercâmbio muito grande entre os povos nessa região do norte-nordeste africano. Hoje ainda se fala aramaico e o berbere ao lado do francês, inglês, italiano, árabe, português, castelhano, etc., além de inúmeros dialetos.
Dos desertos, às florestas e vales férteis do rio Nilo; das lindas paisagens dos lagos e savanas, às montanhas e fendas que se abrem na Eritréia, jorrando lavas e ameaçando romper o continente; dos povos brancos civilizados, aos negritos das selvas; dos misticismos radicais, aos cultos animistas; das riquezas minerais, à pobreza dos guetos; da introdução de usos e costumes europeus, às culturas onde estudar nunca fez parte de suas tradições. Muitos são os contrates.
Após a abolição da escravidão muitos ex-escravos brasileiros optaram em cruzar o Atlântico e voltar para a África. Outros ficaram. Acreditamos que os que ficaram podem se dar por felizes pela oportunidade de viver num mundo novo com oportunidades que lá não teriam.
Os meios de comunicação atuais permitem que cada um escolha onde viver. E o que vemos é muito africano fugir de sua terra natal em busca de oportunidades, ou fugir de perseguições promovidas por grupos rivais, ou por governos ditatoriais e sanguinários... Seguem para a Europa já sobrecarregada em seu limitado espaço geográfico, ou para a América-Brasil.
Todos temos um pé na África! É só não ter medo de buscar nossas raízes!