quinta-feira, 3 de junho de 2010

SAÚVA - PRÁTO TÍPICO INDÍGENA

"Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil" - célebre frase usada como slogan num passado não muito remoto.
Quem nunca viu o estrago que um formigueiro de saúva cortadeira é capaz de fazer em uma única noite em uma horta de couves, num parreiral, numa pastagem ou outras plantas apetitosas para a saúva, certamente achará um exagero tal afirmação.
Vieram os inseticidas, formicidas e todo tipo de venenos e artimanhas para driblar a voracidade da pequena, mas poderosa formiga cortadeira.
Em nossa infância no interior paulista, vimos mais de uma vez crianças de origem indígena caçarem e saborearem as formigas saúvas. Usavam pequenos gravetos de guaxuma para provocar a saída das formigas do olheiro, e com rapidez e agilidade as apanhavam, cortavam-nas ao meio e comiam a suculenta parte posterior.
Nunca nos habilitamos a experimentar o "quitute".
Recentemente assistimos a uma reportagem onde indígenas da fronteira Brasil-Venezuela, em São Gabriel da Cachoeira utilizam a formiga saúva e a maniauara (cupim) em pratos típicos regionais, ou ao natural. Os pratos típicos são incrementados com feijão, pimenta, farinha d'água, piqui, tucupi, etc.
Sabor? - A saúva tem sabor de menta, ou gengibre, segundo o reporter, enquanto a maniauara tem gosto de terra.
Sabores à parte, não deixa de ser uma opção econômica. A iguaria é servida em restaurantes da cidade e também é vendida em feiras para quem não quiser ter o trabalho de andar na mata para coletar e levar doloridas picadas. A saúva é feroz!
E, assim, ao invez de prejudicar o meio ambiente, pode transformar-se numa fonte de renda. (nota: 1 copo de formiga pronto para consumo é vendido a R$1,00).
Quantos copos de formigas pode fornecer um formigueiro? E, olhe, que suas "panelas" costumam ser grandes.
Saúva - inseto heminóptero, formicídeo, gen. Atla. É encontrada em todo o Brasil; cortadeira e carregadeira, utiliza as folhas cortadas e outras substâncias para cultivar o fungo que lhes serve de alimento. Sociais, vivem em formigueiros subterrâneos formados de várias "panelas", canais e olheiros.