Cidades são, ou deveriam ser, um "porto seguro" para se viver. No entanto tem-se tornado um reduto de problemas, os mais variados, transformado a vida dos cidadãos em um verdadeiro caos.
Na década de 1950/60 teve início um movimento migratório, dentro do país, para as cidades mais desenvolvidas do Sudeste e Sul. Os primeiros migrantes se estabeleceram em barracos nas periferias das cidades, em qualquer lugar, até encontrar um local para trabalhar e poder ter um local mais decente para morar. O sucesso de alguns tornou-se o chamariz de parentes, amigos, conhecidos e de todos os que procuravam uma vida melhor.
Segundo informações, os primeiros migrantes eram provenientes de um local de Salvador (BA) conhecido como "Favela", nome de uma árvore da região (Favela ou Faveleiro) - os migrantes começaram a se identificar como sendo da "Favela"- daí a origem do termo para denominar esses bairros de periferia. O nome acabou se generalizando e hoje, independente de onde haja bairros pobres, caracterizados pela desorganização urbana, falta de infraestrutura e serviços, etc, recebe o nome de "Favela".
Além dos retirantes nordestinos que fugiam das adversidades do Nordeste, passaram também a chegar inúmeros migrantes provenientes da área rural -(êxodo rural) - agravando ainda mais a precariedade das áreas urbanas já sobrecarregadas e sem uma infraestrutura que atenda a todos. O solo foi sendo ocupado sem qualquer planejamento. O resultado aí está.
O descaso das autoridades, a falta de políticas públicas de ocupação dos espaços urbanos, aliados a interesses eleitoreiros, ausência do Estado, etc., culminaram num triste caos que atinge milhões de seres humanos, seja pelas catástrofes naturais, seja pela ação de marginais, como temos assitido nos últimos tempos.
O problema das cidades não será resolvido da noite para o dia. Tem solução. O que falta é a presença do Estado cumprindo suas obrigações. A situação dos cidadãos beira a do regime de escravidão com uma agravante, pois eles são refens de uma situação que nenhuma "lei Áurea" pode resolver. Depende exclusivamente de vontade política e de trabalho realizado por pessoas competentes, capazes de tomar decisões administrativas e de realizá-las.
Muitos não querem entender que a Educação que conscientiza é aquela que não só ensina o que são direitos, mas também o que são deveres. E isso vale também para as autoridades que se elegem para servir e não para serem servidos. Verbas não faltam. Faltam gestores. Programas amplos e de impácto. Redirecionamento das pessoas marginalizadas para áreas novas; não dá para entender a falta de visão dos administradores públicos em geral. O povo mantido na ignorância vai continuar, em seu espírito gregário, a procurar o que as luzes da cidade grande oferece de bom. Só verão as desvantagens quando o teto ruir em suas cabeças.
"Favela" - jatropha phyllacantha - arbusto grande enforbiáceo de flores brancas dispostas em cimeiras, com frutos verrucosos, escuros com sementes oleaginosas; típicas desde o PI até SP.