terça-feira, 11 de janeiro de 2011

QUANDO APRENDER É DIVERTIDO

 A, E, I, O, U, Y (psilon) –  a, e, i, o, u, y (psilon)

A  apresentação artística das letras desenhadas por meu avô paterno, com um graveto na terra arenosa, à sombra da casa despertou minha atenção. Era minha primeira aula informal de alfabetização, numa luminosa manhã, lá no sítio Água da Estiva. Eu, com 6 anos de idade, só queria saber das frutinhas do campo, correndo ao sol escaldante. Meu avô, para me distrair, começou a rabiscar figuras no chão e me chamou para ver.  Apontando para cada símbolo ia falando o som correspondente a cada letra.Fui ver e fiquei surpresa. Conhecia os sons, e agora me eram apresentadas as suas formas! Aquilo era mágico! Mágico e lindo!... As letras haviam sido desenhadas de forma artística, com todas as curvas e arabescos que comportavam:

A, B, C, D, E, F, G,,H, I, J, K, L, M, N, , O , P  Q, R, S, T, U, V, W , X, Y, Z,

Era algo novo e realmente muito interessante. Esqueci as frutinhas.

Aprendi a identificar primeiro as vogais. Depois o alfabeto inteiro. Soletrei cada uma das letras. E por fim, com ajuda de meu avô, identifiquei as letras do  meu nome com os símbolos ali desenhados. Inacreditável!

No fim da tarde, ao voltar para casa, garanti à minha mãe que já sabia ler e escrever. E, com um pedaço de pedra calcárea, sob os protestos dela, desenhei no chão de tijolo da cozinha, as letras do meu nome – evidentemente com algumas falhas. Mas, alí estava a prova do meu aprendizado.

Ganhei o primeiro um caderno feito por minha mãe com folha de papel de embrulho; depois veio o caderno de caligrafia; uma velha cartilha que havia sido usada pelos meus irmãos; a pequena lousa e giz; o ábaco e o aprendizado dos números; fazer continhas, a taboada, resolver pequenos problemas...

Aos 7 anos, ao ir para a escola, já estava apta a acompanhar as aulas do primeiro ano primário. Havia um detalhe: minha alfabetização não visara a escola formal. Portanto, não houve a preocupação com a lingua portuguesa. Em casa e no núcleo familiar só se falava espanhol! Eu entendia e sabia ler e escrever em português, mas só falava o espanhol – (castelhano). E a professora não me entendia!

Alguns raros livros de histórias infantis, mais a "obrigatoriedade" de conversar em casa em português, a persistência de nossa parte e a paciência da professora (Da. Meire), ao final do ano fui considerada apta pela banca examinadora ( a professora da classe, a diretora da escola e a inspetora de ensino) a passar para o segundo ano.

Nunca mais parei de estudar! Cada nova lição trazia algo novo. Novas descobertas levavam a outros aprendizados. Ler e escrever tornou-se tão divertido como qualquer outro brinquedo possa ser. Tudo porque cada aprendizado representou uma conquista que abria outras portas para o fantástico e insegotável mundo conhecimento!